Nossas cervejas

     "E... por que essa cerveja [estilo de cerveja]?", normalmente um questionamento, ao produtor, de alguém buscando conhecer mais sobre a cerveja após degustá-la. E a resposta não varia muito: porque achamos que seria legal fazê-la. Porém, as três primeiras cervejas foram feitas almejando a inscrição no VII Concurso de Cerveja Artesanal das ACervAs (junho/2012). Apenas a categoria American India Pale Ale foi contemplada, pois quando decidimos inscrever a Irish Red Ale, as inscrições estavam esgotadas.
     Mas, de qualquer forma, cada cerveja teve sua história...




BierGode Magnum - American India Pale Ale - brassada em 19/02.


     Esta foi a primogênita! Idealizada para o VII Concurso Nacional de Cerveja Artesanal promovido pelas ACervAs. Com ela que conhecemos a varietal de lúpulo Brewers Gold. Sem dúvida somos capazes de encontrar um único pellet desse lúpulo em uma grande churrascaria. Não foi pelo fato de ter uma quantidade de lúpulo um pouco alta, mas pelas transformações que o lúpulo sofreu ao longo do processo, o que acarretou em um amargor bem resinoso.

ABV: 6,0%
Aparência: creme denso e persistente; turbidez acentuada e uma coloração caramelo escura.
Aroma: interessante desenvolvimento do lúpulo - início cítrico/herbal com fundo terroso; toffee, açúcar mascavo.
Sabor: toffee, açúcar mascavo, amargo herbal (harsh), especiarias (pimenta).
Impressões gerais: chocolate amargo puxado ao toffee abre logo espaço para o destaque do amargor a um final seco e ligeiramente aquecido. Uma cerveja que saiu do estilo.






BierGode Navajo - Amercian India Pale Ale - brassada em 18/03.


     Devido ao infortúnio (apenas por ter saído do estilo) da primeira cerveja, decidimos fazer uma nova brassagem do mesmo estilo corrigindo o que achávamos pertinente para adequar a receita a uma verdadeira American India Pale Ale. Mexemos, sobretudo, na configuração dos maltes para deixá-la mais clara e menos doce que a outra. O lúpulo de amargor também foi recalculado.
     Assim, esta foi ao Concurso, sendo avaliada com uma média de 30,3 pontos (de um total de 50 pontos).

ABV: 5,7%
Aparência: formação de um creme branco com persistência mediana; turbidez a frio mediana. Cor clara acobreada.
Aroma: início cítrico (laranja) com desenvolvimento para um frutado que lembrava damasco seco.
Sabor: amargor terroso, açúcar mascavo mais ameno, seca e levemente adstringente.
Impressões gerais: o amargor prevalece com tons terrosos no início e herbal no final, mas com tons de açúcar mascavo perceptíveis. Final seco, refrescante e adstringente.





BierGode Rubi - Irish Red Ale - brassada em 30/04

     Percebendo que ainda teríamos tempo para mais uma brassagem para o VII Concurso Nacional de Cerveja Artesanal das ACervAs, decidimos enviar uma cerveja para esta categoria também. Porém, quando fomos fazer a inscrição não havia mais vaga. Infelizmente, uma cerveja que não foi julgada, pois acreditávamos mais nesta que na BierGode Navajo.

ABV: 4,9%
Aparência: espuma bem formada, mas com média-baixa persistência; vermelho profundo, porém límpido.
Aroma: toffee, frutas vermelhas, groselha, caramelo.
Sabor: toffee, frutas vermelhas, tostado e amargor frutado.
Impressões gerais: inicialmente, abrem-se as frutas vermelhas que são sobrepujadas por um toffee/tostado. Final seco e refrescante, com bom drinkability.








BierGode do Porto - Porter - brassada em 31/05



     Com o inverno se "aproximando", pensamos em uma cerveja mais forte, encorpada e alcoólica. Escolhemos este estilo pela sua história, a qual remonta aos portos ingleses do século XVIII. A transposição foi feita em homenagem à Rua do Porto, de Piracicaba-SP.

ABV: 6,0%
Aparência: escura com raios avermelhados, com creme bege claro de formação robusta, pouco fora do estilo.
Aroma: notas de toffee, tostado, frutas vermelhas.
Sabor: amargor tostado, frutas vermelhas ligeiramente adocicadas, residual herbal.
Impressões gerais: esta foi a cerveja que passou do prazo de validade mais rápido, formando aromas e sabores indesejáveis após 2 meses. Desenvolveu-se aroma acético.






BierGode Doppelo do Trigo - Weizen Doppelbock - brassada em 01/06



     Para esta cerveja, tivemos o mesmo intuito da anterior, qual seja, de uma cerveja forte, encorpada e alcoólica para brindarmos o inverno. Pela primeira vez utilizamos malte de trigo, mal falado por ser um atraso no momento da filtragem. Essa foi a cerveja com maior carga de malte até agora, cerca de 18 kg para quase 40 litros.

ABV: 8,5%
Aparência: cor caramelo profundo, turva, com creme bege bem formado e persistente.
Aroma: açúcar mascavo, frutas secas, mel, álcool ameno.
Sabor: malte adocicado, frutas secas, açúcar mascavo, amargor herbal.
Impressões gerais: preenche bem a boca, abriu-se com a presença do malte com complexidade na diversidade adocicada e desenvolveu-se para notas herbais. Corpo médio-alto e retrogosto alcoólico.






BierGode Cartola - English Pale Ale - brassada em 14 e 15/08 (3 brassagens)


     Foi com esta cerveja que aumentamos a produção em 3 vezes, graças à sacada do uso do balde. Até então apenas tínhamos os barriletes de 50 litros, quando Vitão visualizou 2 baldes de 20 litros em pontos diferentes do freezer.
     Esta cerveja foi a primeira a contar com um contra rótulo, pois foi oferecida aos formandos do terceiro ano do ensino médio do Colégio Luiz de Queiroz - CLQ, de Piracicaba-SP. O contra rótulo continha uma mensagem aos formandos que se mesclava com uma rápida descrição da cerveja.

ABV: 5,5%
Aparência: formação de creme branco com mediana persistência. Coloração acobreada escura.
Aroma: herbal, ligeiro caramelo, frutas cristalizadas no final de forma sutil.
Sabor: início refrescante que é sucedido pelo amargor herbal, de certa forma persistente; adocicado (caramelo).
Impressões gerais: interessante retrogosto adocicado (caramelo), com corpo e carbonatação medianos.





BierGode Marilyn - Bohemian Pilsner - brassada em 29/09 e 01/10 (3 brassagens)

    Esta foi a primeira cerveja lager que fizemos. E, como toda mudança demanda grandes atenções, esta não foi diferente. O grande problema se deu no processo de fermentação, claro! Na verdade, não houve atenção de nossa parte à quantidade diferenciada de fermento para ales e lagers. Para as lagers, é comum colocar o dobro do fermento colocado para as ales. Porém, colocamos a mesma quantidade que se colocaria para uma ale. Resultado: a fermentação não ocorreu como deveria, faltando atividade das leveduras, pois elas se apresentavam em um número reduzido em vista de todo oceano açucarado no qual estavam imersas. No fim das contas, ficou um residual doce na cerveja; um residual que não era maltodextrina, mas apenas dextrinas fermentescíveis! Imaginem o desenrolar a partir de quando colocamos o priming e engarrafamos. Claro que rolou explosão!!! Duas garrafas explodiram pela intensa atividade das leveduras nas garrafas com um exagero em açúcar. A saída, após consulta ao nosso amigo cervejeiro Rudolf Schützer, foi abrir todas as garrafas e fechá-las novamente, apenas para purgar o excesso de gás carbônico.
     Uma curiosidade para esta cerveja: a fim de acabar com um saborzinho indesejável que identificávamos nas outras cervejas brassadas, resolvemos fazer cada brassagem da BierGode Marilyn com uma água diferente: água da rede municipal de Piracicaba-SP, água mineral Lindoya e água mineral São Pedro. O resultado foi interessante, tendo uma melhor apresentação aquela feita com água Lindoya.

AVB: 5,0%
Aparência: clara, amarelo-dourado, com creme branco persistente e bem formado.
Aroma: lúpulo floral com final de malte.
Sabor: amargor floral do lúpulo, biscoito, adocicado.
Impressões gerais: cerveja com um corpo um pouco mais alto que o estilo exige devido ao açúcar fermentescível presente, mas ainda com boa drinkability.



BierGode Triguesa - Weizenbier - brassada em 01/11

     Esta cerveja foi feita buscando uma proximidade com as weizen bávaras, as quais possuem um pouco mais de corpo pela maior concentração de malte de trigo - e, por sua vez, proteínas. Assim, brassamos essa cerveja com 2/3 de malte de trigo e apenas 1/3 de malte de cevada. A maior dificuldade que pensavam que teríamos não veio: problemas no momento de filtrar. Na verdade, a filtragem se deu com um bom fluxo. Essa cerveja não foi engarrafada, apenas armazenada em post-mix e bebida em eventos com amigos.

ABV: 5,0%
Aparência: amarelo claro, quase límpida (kristall), creme denso com mediana persistência.
Aroma: pão, frutado (banana), especiarias (cravo).
Sabor: inicialmente, notas de pão, as quais transmutavam-se à banana temperada com cravo.
Impressões gerais: cerveja que preenchia a boca, com corpo médio e boa carbonatação, resultou em excelente drinkability.


BierGode Omaha - American Pale Ale - brassada em 02/11 (2 brassagens)

     Para esta cerveja tínhamos pensado em usar o lúpulo aromático Amarillo. Problema: encontrá-lo! Temos, até este momento, 3 canais de compra de insumos para fazer as cervejas. Em 2 dos lugares, dentre eles o local que vende porções de 250g (portanto mais barato na relação $ / peso), não tinha. Em suma, pagamos 6 vezes mais caro pela baixíssima oferta, mas não desistimos. E o resultado foi fantástico! Esse lúpulo realmente fez a diferença, mas claro, com dry hopping. Esta também só teve a versão no post-mix, consumida em eventos com amigos.

ABV: 5,5%
Aparência: cor âmbar clara, quase alaranjada, quase translúcida, com espuma branca persistente.
Aroma: dominado pelo lúpulo cítrico que lembra maracujá, mas ligeiramente adocicado (caramelo).
Sabor: as notas aromáticas se desdobraram no sabor, frutado cítrico (damasco, maracujá) e ligeiro adocicado do malte.
Impressões gerais: sem dúvida a mais refrescante feita até esse momento, com maravilhoso buquê cítrico frutado, lembrando maracujá, e com um final seco que implora por um novo gole.



BierGode Marilyn - Bohemian Pilsner - brassada em 26, 27 e 28/12 (3 brassagens)


     Devido ao problema que tivemos com a primeira BierGode Marilyn, resolvemos fazer novamente, mas corrigida, para o verão. A ideia inicial era fazer uma comparação entre fermentos e maltes. Para os fermentos, o embate entre fermento seco (W34/70) e o fermento líquido (WLP800). Para os maltes, contrapor o malte brasileiro (Agrária) e o alemão (Weyermann). Porém, este malte estava em falta. Assim, optamos por experimentar o malte orgânico da Weyermann. E que diferença!



Brassagem I: W34/70 e malte Agrária

ABV: 5,0%
Aparência: dourada ouro, espuma branca bem formada com persistência mediana.
Aroma: ligeiro frutado / floral (um pouco mais nítido), um mínimo de palha.
Sabor: amargor floral, palha no final.
Impressões gerais: cerveja com pouca personalidade, principalmente no sabor. Mas bem refrescante e com boa drinkability.



Brassagem II: WLP800 e malte Agrária


ABV: 5,0%
Aparência: turbidez a frio, dourada ouro com média formação de espuma e média persistência. Não apresentou perlage.
Aroma: lúpulo floral, pão, final de palha.
Sabor: amargor floral, palha, ligeira adstringência e bela secura.
Impressões gerais: agradável buquê floral, bom amargo que não incomoda. Retrogosto floral com final maltado e amargo.



Brassagem III: WLP800 e malte orgânico Weyermann


ABV: 5,0%
Aparência: amarelo ouro, com maravilhoso creme branco e persistente.
Aroma: floral, pão mais assertivo, palha acentuada.
Sabor: palha mesclada ao floral, com final seco ao sabor de pão e com agradável amargor.
Impressões gerais: intenso retrogosto de palha aromatizada com o floral do lúpulo. Corpo médio-baixo, com melhor drinkability do que refrescância.


Nossos rótulos

     Quando o nome da cerveja surgiu - BierGode -, imediatamente, quase que uma matéria indissociável à razão de ser, surgiu o rótulo: "claro que o rótulo será um bigode com as informações sobre a cerveja nele! ...e no gargalo um bigodinho!!!" Euforia generalizada pelo parto instantâneo.

     O próximo passo seria um modelo gráfico. Assim, Raphael Ramiro Junior, artista plástico e arquiteto, ficou responsável pela arte dos rótulos. As únicas coisas que vão ao nosso artista: o formato de bigode, o nome da cerveja, a gradação alcoólica, o estilo da cerveja, uma cor sugerida - que é próxima à cor da cerveja e o pedido de um desenho - na fronte do rótulo - que representasse, de alguma forma, a cerveja produzida. A partir daí, é deixar a arte fluir...


Raphael Ramiro Junior (dir.)

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