Equipamento

     Esse equipamento começou a ser comprado a partir de outubro de 2011. Demos início de uma maneira tranquila, pesquisando bastante sobre materiais, tamanhos, etc. até fecharmos em fevereiro uma parafernalha suficiente para uma primeira brassagem. Boa parte das coisas, como bancada, válvulas, torneiras, etc. foi feita no estilo "faça você mesmo", o que é válido no sentido de fazer uma leitura mais profunda do seu equipamento do que se apenas tivesse comprado um kit sem estudá-lo.
     É difícil avaliar financeiramente o equipamento. Primeiro, porque foi feito aos poucos e por partes - as contas foram se perdendo ao longo desse período -, e, segundo, porque tem muito trabalho nosso que, terceirizado, sabe-se lá quanto se somaria...


Bancada - Esta bancada foi montada, predominantemente, com material de caçamba. Apenas os parafusos e a tinta/Stein foram comprados; valor baixíssimo para construí-la. A mesa é uma porta de guarda-roupa e os pés são pedaços de caibros. A mesa foi pintada com tinta acrílica – 3 demãos –, e os pés foram todos lixados e envernizados com Stein, o qual cria uma boa película protetora, fazendo as vezes da pré-pintura e acabamento ao mesmo tempo. Todos os encaixes são realizados através de parafusos. Para maior dinâmica, já que ao término das brassagens desmontamos tudo e guardamos em forma mais compacta, apenas os parafusos de cima dos pés são tirados para a entrada do quadrado de apoio da tampa), um apoio fundamental para tudo que faremos nesse longo – e extremamente prazeroso – dia de trabalho.



Moinho - Nosso moinho é da marca Mimoso, a qual está se mostrando boa para nós. Já procuramos pela Bottini, que não nos pareceu com bom acabamento e disposição dos discos. Adaptou-se bem à moagem do malte.
     É preciso fazer os ajustes a cada tipo de malte, pois entre o malte pilsen (mais claro) e o malte carafa III (mais escuro) há uma diferença na resistência do grão: entre o mais claro e o mais escuro não temos uma curva uniforme ascendente em termos de resistência, mas com um ápice antes dos maltes mais torrados, pois estes tendem a esfarelarem-se com a moagem.
Como anteparo ao malte moído usamos uma assadeira comum que, após cheia (2 a 3kg de malte), tem seu conteúdo colocado em um balde.




Panelas - as 3 de alumínio; duas têm capacidade para 63 litros e a outra para 30 litros. Isso rende um mosto de apronte de 35 a 40 litros. Nas maiores foi feito um furo com a serra copo (qual a medida dela?) para fixar uma válvula extratora e, em uma delas, um espigão (qual medida mesmo?), o qual foi importante como ponto de conexão à mangueira de silicone no momento de transferir o mosto à panela de fervura (ver página Brassagem).










      Essa válvula extratora é importante para escoar o mosto. Na verdade, as duas panelas da mesma litragem não são iguais, elas desempenham funções diferentes: uma seria a panela de cozimento e a outra a panela de fervura. Assim, a válvula extratora é funcional para a panela de cozimento, pois esta terá um fundo falso que será responsável por conter o malte (filtrando) no momento em que o mosto for passado (após clarificado - ver Brassagem) à panela de fervura. Esta não necessariamente precisa de uma válvula extratora, pois o mosto final será trasfegado por cima para os barriletes de fermentação.



Fundo falso feito em inox sob medida, em uma metalúrgica que faz peças de inox (cerca de R$200,00)






     Percebam a altura, como ele tem sua teia de filtragem logo acima da válvula extratora.











     O fogareiro a ser utilizado deve ser resistente. Há vários fogareiros com uma estrutura de metal (alumínio?) que pode não aguentar, com o tempo, o peso da panela nas sucessivas brassagens. Em vista disso, utilizamos um modelo jack wall de alta pressão feito em ferro fundido, acoplado a um botijão comum. E o acendedor é o da Vó mesmo!







Proveta, densímetro e termômetro
Pá Cervejeira
     Outros elementos importantes: a pá cervejeira, de plástico alimentício (esta sofreu uma pequena deformidade, que agora está estabilizada, devido ao peso do malte imerso em água; porém, tal deformidade acabou atuando como um bom auxiliar para mexer toda a mistura); o densímetro [utilizado para aferir a densidade do mosto (que pode ir de 1.000 a 1.100 para este instrumento), pois cada estilo de cerveja possui um espectro em termos de densidade original - antes da fermentação - e densidade final - pós fermentação; dessa diferença é possível calcular a quantidade de álcool presente na cerveja]; este densímetro pode ser utilizado em uma proveta ou direto no mosto quando da fervura (nossa proveta é de vidro, boa no sentido asséptico, porém é fácil quebrá-la, pois como o densímetro é menor, ao soltá-lo na proveta bate ao fundo trincando o vidro; de repente, a proveta de plástico teria sido melhor); o termômetro (nesse caso, digital) é importante para controlar a rampa de temperatura, pois há enzimas que possuem atividade ótima em dadas faixas de temperatura - assim, é importante conhecer o estilo de cerveja a ser produzida para poder ter uma ideia com qual enzima deve-se trabalhar mais ou menos; escumadeira e leiteira formam o par requerido para clarificar o mosto após o cozimento (ver Brassagem).

   



















 Chiller - é um sistema de resfriamento do mosto. Feito de tubo de cobre (qual a medida mesmo?), foi enrolado manualmente, sem crise, apenas prestar atenção às voltas que estão sendo feitas para garantir a harmonia da peça. Em nosso caso, há uma serpentina externa e outra interna, totalizando 16 metros de tubo. Em suas pontas são conectadas mangueiras de silicone, uma de (qual a medida mesmo?) e outra de (qual a medida mesmo?). A primeira, recebe água de uma caixa térmica (cheia de água e gelo) através de uma bomba de máquina de lavar roupas, e a segunda libera água quente, pois houve a troca de calor no sistema. Conforme a temperatura vai baixando, vai sendo possível voltar a água de circulação para a caixa térmica sem abalar a temperatura interna da caixa.

     Esta caixa térmica é feita de poliestireno (vulgo isopor), com capacidade para 50 litros. Para dar maior resistência ao material da caixa, passamos em toda a superfície externa uma fita adesiva transparente, daquelas mais largas usadas para selar caixas de papelão (as quais podem também ser encontradas na versão marrom).















     Stir Plate - item importante para a propagação de leveduras em um starter. Foi feito a partir de uma ventuinha de 8 polegadas com um ímã de HD (Hard Disk - de computador) em seu centro superior. Foi ligado à ventuinha um potenciômetro para regular a velocidade de giro da ventuinha e, por consequência, do ímã. Esse sistema está em uma caixa de madeira. Sobre ela coloca-se um erlenmeyer com um "peixinho" (barrinha de metal que é atraída pelo ímã) dentro. É importante esse sistema para as leveduras se reproduzirem, pois necessitam de oxigênio, o qual adentra ao líquido (mosto + levedura) através do vórtice formado pelo giro do "peixinho" suscitado pela ação do ímã.












     Barriletes e baldes de plástico alimentício. Os barriletes têm a capacidade de 50 litros, e os baldes, de 20 litros. Todos esses recipientes estão aptos a servirem como fermentador ou como maturador. Se fermentador, deve-se utilizar o air lock, um dispositivo que impede a entrada de ar nos recipientes, pois a água que fica dentro desse objeto funciona como uma trava impedindo que o ar de fora adentre, mas permitindo que o ar de dentro (gás carbônico produzido pelas leveduras) saia.

     Para os baldes, improvisamos um air lock através de um tipo de squeeze pequeno. Amarramos o squeeze ao lado do balde e uma mangueira de plástico (não necessita silicone aqui, pois o mosto em fermentação não deve entrar em contato com esse material) sai da tampa do balde e vai até o interior do objeto, o qual estará até a metade com água para que funcione como a trava de ar.


Freezer com termostato para controle de temperatura
     Com esses recipientes podemos fazer cerca de 100 litros de cerveja: 35 litros em cada barrilete e mais 36 litros divididos entre os baldes (ver Brassagem para considerar perdas). Para tanto, precisamos de 3 brassagens e um freezer (500 litros) que acomode os barriletes e baldes. O único ponto a considerar é que, geralmente, podemos fazer brassagens diferentes se respeitarmos o mesmo tipo de fermentação, do contrário precisaríamos de temperaturas diferentes para fermentação, o que o mesmo freezer não seria capaz de fornecer.

 

     Cerveja pronta, e aí? Engarrafamos ou colocamos nos post-mix.
Post-mix, cilindro de gás, conexões e mangueiras

     Para tanto, precisamos de garrafas limpas e sem rótulos e do post-mix, o qual permitirá carbonatar (colocar gás carbônico) a cerveja de maneira forçada e tirá-la sob pressão (no formato chope), o que requer um cilindro de gás carbônico com suas respectivas conexões, mangueiras e torneiras.





 






Tampadora


Tampinhas



















     Para armazenar a cerveja até o consumo utilizamos caixas de papelão com divisórias que abarcam 6 unidades, facilmente estilizadas: stencil (feito com uma chapa de raio-x e um estilete para desenhar recortando o miolo do desenho) e spray preto.






"Carbonator"

     

      Atualmente, passamos a não mais utilizar o priming para que a cerveja fique carbonatada. Utilizamos um sistema de contra-pressão, o qual necessita de gás carbônico. Com isso, foi-nos possibilitado fazer um "carbonator" a partir de um protótipo do nosso eterno tutor Rudolf Schützer.

       A princípio, os materiais necessários são:
              - garrafa de 500 ml (pode ser de 1,5 litro) de água com gás (por ser mais resistente);
              - válvula de pneu de carro;
              - bico enchedor de pneu de carro;
              - arruela de metal;
              - cilindro de gás carbônico (parece que há uma possibilidade de utilizar bomba para pneu de bicicleta);
              - furadeira.
     
       
             Iniciamos com o furo na tampa. Fomos aumentando gradativamente para que não rachasse a tampa com um primeiro impacto mais agressivo. Assim, começamos com uma broca menor e, após mais outra broca, chegamos nesse diâmetro. A medida final, foi-nos passada pelo olhar, comparando o furo com a base da válvula.

           A válvula do pneu possui uma canaleta entre sua base e seu corpo. Com isso, é possível um encaixe muito bom na tampa, pois essa canaleta possui uma largura muito próxima da altura do furo feito na tampa. Tal aproximação acabou sendo feita com uma arruela de metal, do mesmo diâmetro dessa canaleta da válvula.
           Essa montagem precisa ser um pouco forçada, pois há certa resistência dos materiais, mas é muito importante certificar de que o encaixe foi feito. Aqui, trata-se de plástico, alumínio e borracha. Com isso, a arruela faz uma pressão no plástico e na borracha, dando uma vedação muito boa.
           Quando o sistema está em repouso, não há vazamento algum. Apenas ao colocar o gás há algumas escapadas de líquido dependendo da angulação formada entre o bico enchedor e a válvula. Se torto, haverá vazamento.










Detalhe da arruela. A vedação parece ter ficado boa.






     
        Essa foto traz o detalhe do bico enchedor. Não há segredo, pois é o mesmo que podemos encontrar nas mangueiras que se utiliza para calibrar o pneu do carro. Esse bico ajusta-se perfeitamente na mangueira utilizada por nós em nosso cilindro de gás carbônico.
       
        Para fazer funcionar:
        Primeiro, coleta-se meia garrafa de cerveja em maturação (pode ser uma amostra da cerveja em qualquer momento dessa fase, pois este "carbonator" nos é útil justamente para se ter uma ideia de como a cerveja está evoluindo, uma vez que não temos um tanque de maturação pressurizado (ainda...rsrsrs).
         Após tal coleta, é importante apertar a garrafa até o líquido quase ser derramado antes de fechá-la, pois estaremos expulsando boa parte do oxigênio de dentro da garrafa. Nesse ponto, a garrafa estará toda retorcida, deformada e com o líquido no limite do gargalo.
          Configuramos o cilindro para 2 bar de pressão e injetamos o gás carbônico na garrafa. Nesse processo, é importante, concomitante à entrada do gás, virar a garrafa de ponta cabeça e retornar à posição original, repetindo esse procedimento algumas vezes, até, ao menos, perceber que as bolhas de gás carbônico diminuíram em sua entrada pelo líquido (quando a garrafa está de ponta cabeça).
          Após retirar o bico enchedor da válvula, chacoalha-se um pouco para incorporação do gás no líquido - lembre-se de que esta cerveja está em maturação, portanto, a uma temperatura próxima a 0°C, o que aumenta o coeficiente de solubilidade do gás carbônico, havendo uma maior incorporação do que quando feita a 20°C. Esse procedimento é repetido 3 (três) vezes. Após tal repetição, armazenar a garrafa (cheia de espuma ainda) a uma temperatura próxima a 0°C. A espera não tarda mais que 20 (vinte) minutos. Mas, mesmo assim, é aconselhável abrir a garrafa sobre uma pia.
Boa degustação!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário